Manchester City confirmou na manhã de 1º de setembro de 2023 a contratação do meia português Matheus França de Oliveira Nunes por £53 milhões (cerca de R$ 340 milhões), encerrando semanas de especulação e colocando em movimento uma cadeia de transferências que envolve clubes da Inglaterra, Portugal e Brasil. O acordo, finalizado em 30 de agosto, foi assinado em um contrato de cinco anos no City Football Academy, em Manchester, e vem como resposta direta à lesão de Kevin De Bruyne, que ficará fora por até seis meses. Nunes, de 25 anos, nasceu no Rio de Janeiro, mas representou Portugal desde 2021 — com 11 convocações e participação na Copa do Mundo de 2022 e na Euro 2024 —, tornando-se peça-chave na renovação do meio-campo dos campeões europeus.
Do Estoril ao Etihad: a trajetória de um jovem que virou estrela
Nunes começou sua carreira no Desportivo Brasil, clube de base da cidade de São Paulo, antes de se mudar para Portugal aos 12 anos. Seu salto veio em 2017, quando assinou com o Estoril Praia. Foi lá que seu desempenho contra o Sporting CP na Taça da Liga chamou a atenção. Em janeiro de 2019, o Sporting pagou apenas €500 mil por metade de seus direitos econômicos — um investimento que se revelou fenomenal. Em 2020, ele renovou com cláusula de rescisão elevada para €60 milhões. Mas foi em agosto de 2022 que o Wolverhampton Wanderers fez sua jogada: pagou €45 milhões (£38 milhões) por sua totalidade, quebrando o recorde do clube, superando até Fábio Silva. Com adicionais, o valor total chegou a £42,2 milhões.Naquela época, muitos viam o movimento como arriscado. Mas Nunes se provou mais valioso do que qualquer expectativa. Em 38 jogos pela equipe de Wolverhampton, marcou 5 gols e deu 8 assistências, com passes precisos e capacidade de cobrir todo o campo. Seu estilo, combinando técnica brasileira com intensidade europeia, fez dele um dos meias mais requisitados da Europa.
Manchester City: a busca por equilíbrio após a lesão de De Bruyne
Pep Guardiola não escondeu sua frustração com a lesão de De Bruyne. O belga, peça central do sistema de posse da equipe, era o cérebro tático. Sem ele, o City precisava de alguém com inteligência de jogo, resistência física e capacidade de distribuição — e Nunes preencheu todos os itens. Ele é o quarto reforço da janela de verão, depois de Mateo Kovačić, Josko Gvardiol e Jérémy Doku. Mas, diferentemente dos outros, Nunes não é um jovem promessa: é um jogador pronto, com experiência em competições europeias e até em Mundiais."Estou muito feliz por estar aqui. É um sonho realizado. Sempre quis jogar em um grande clube da Inglaterra, e este ano Deus me abençoou com isso", disse Nunes em entrevista à ESPN. Suas palavras não pareciam apenas protocolares. Ele foi visto treinando com foco absoluto nos primeiros dias, e os colegas já o chamam de "o novo motor" do meio-campo.
Wolverhampton e o plano B: Raphael Veiga, o próximo alvo
Mas o negócio não termina com a saída de Nunes. O dinheiro da venda — que, segundo relatos da imprensa britânica, supera os £55 milhões com bônus — abriu as portas para uma nova operação: a contratação do meia brasileiro Raphael Cavalcante Veiga, da Sociedade Esportiva Palmeiras, de São Paulo.Veiga, de 24 anos, é conhecido por sua visão de jogo, finalização de longa distância e capacidade de impor ritmo. Na temporada passada, marcou 11 gols e deu 7 assistências na Serie A brasileira, sendo um dos destaques do time campeão da Libertadores em 2020. O Wolverhampton Wanderers já mantém contatos com o clube brasileiro, e fontes do SportsMole afirmam que "é altamente provável que o clube assine Veiga em janeiro".
Isso transforma a transferência de Nunes em um ciclo inteligente: comprar um jogador em alta, vendê-lo por lucro expressivo e reinvestir imediatamente em outro talento com potencial de valorização. É um modelo de gestão que poucos clubes da Premier League conseguem executar com tanta precisão.
As conexões transcontinentais do futebol moderno
Este movimento não é só um negócio. É um retrato do futebol globalizado. O jogador nasceu no Brasil, foi formado em Portugal, jogou na Inglaterra e agora é peça de um clube inglês que busca dominar a Europa. Enquanto isso, o dinheiro flui de Manchester para Wolverhampton, e de lá para São Paulo — com a Sociedade Esportiva Palmeiras sendo o próximo beneficiário. Tudo isso sob a supervisão da FIFA e da The Football Association, que garantem a conformidade com as regras de transferência e fair play financeiro.Curiosamente, Chelsea e Liverpool também estavam de olho em Nunes. Segundo o Goal.com, ambos fizeram ofertas, mas o City ofereceu não só mais dinheiro, mas também o projeto de conquista da Liga dos Campeões — algo que o meia não ignorou. "Aqui, não se joga só para ganhar títulos. Se joga para ser lembrado", disse um dirigente do City em reunião interna.
O que vem a seguir?
Nunes estreará pela equipe principal no confronto contra o Newcastle United em 12 de setembro, na Premier League. Se se adaptar rápido, pode se tornar titular absoluto. Já o Wolverhampton Wanderers terá que decidir: vai apostar em Veiga como substituto direto? Ou buscará outro meia mais barato? O mercado de janeiro promete ser movimentado.Enquanto isso, o Sporting CP ainda tem direitos sobre 10% do valor da futura revenda de Nunes — um detalhe que, embora pequeno, mostra como os jogadores são tratados como ativos financeiros. E o Desportivo Brasil, seu clube de origem? Não recebeu nada. Ainda assim, seu nome aparece na história.
Frequently Asked Questions
Por que o Manchester City pagou tanto por Matheus Nunes?
O City precisava substituir Kevin De Bruyne, lesionado por seis meses. Nunes é um meia completo: tem técnica, intensidade e experiência em competições europeias. Além disso, seu desempenho na Premier League com o Wolverhampton provou que ele se adapta ao ritmo inglês. O valor reflete sua raridade no mercado — jogadores com seu perfil e idade não estão disponíveis todos os anos.
Como o Wolverhampton vai usar o dinheiro da venda de Nunes?
O clube planeja investir cerca de £40 milhões na contratação de Raphael Veiga, do Palmeiras, em janeiro de 2024. O restante será usado para reforçar a defesa e renovar contratos de jogadores-chave. A estratégia é manter a competitividade sem violar o fair play financeiro — algo que o clube tem feito com precisão nos últimos anos.
Por que Nunes escolheu Portugal em vez do Brasil?
Embora tenha nascido no Rio, Nunes se mudou para Portugal aos 12 anos e foi criado lá. Representou as seleções de base portuguesas desde os 16 anos. A escolha por Portugal foi natural: ele cresceu no sistema de base do país, falava a língua e tinha mais oportunidades de carreira. O Brasil, por outro lado, tinha um mercado mais saturado e menos estrutura para jovens sem grandes conexões.
Raphael Veiga é realmente o substituto ideal para Nunes?
Não exatamente. Veiga é mais ofensivo, com bom chute e visão de passe, mas menos físico e menos versátil que Nunes. O Wolves não espera que ele substitua Nunes diretamente, mas sim que ocupe um papel semelhante ao de um meia-atacante, liberando espaço para outros jogadores. A ideia é criar um novo estilo de jogo, mais agressivo e vertical.
O que isso significa para o futebol brasileiro?
Mostra que clubes brasileiros como o Palmeiras podem ser fontes estratégicas de talento para a Europa, mesmo sem vender jogadores jovens. Veiga, com 24 anos, é um exemplo de jogador maduro, com experiência em competições continentais, que pode se adaptar rapidamente à Premier League. Isso pode incentivar mais investimentos em scouting no Brasil.
O Sporting CP ainda tem direitos sobre Nunes?
Sim. O Sporting CP mantém 10% dos direitos econômicos de qualquer futura revenda de Nunes. Isso significa que, se o Manchester City vender o jogador por £80 milhões no futuro, o clube português receberá £8 milhões. É um detalhe técnico, mas que mostra como os clubes europeus protegem seus investimentos em jovens talentos.