A atmosfera na Praça de São Pedro, em 31 de dezembro de 2023, foi diferente daquela típica do fim de ano. Milhares se reuniram, desta vez para um motivo especial: homenagear Papa Bento XVI, no primeiro aniversário de sua morte, ocorrida exatamente um ano antes.
Papa Francisco comandou um momento simbólico, pedindo aos fiéis uma salva de palmas em memória de Bento. No meio da multidão, o clima era de respeito profundo por quem marcou a Igreja não só pela rigidez doutrinária, mas pela inteligência e serenidade. Francisco foi direto: chamou seu antecessor de exemplo de "amor e sabedoria". Para o atual pontífice, Bento XVI segue como uma espécie de guia silencioso, "abençoando e acompanhando do céu".
No Vaticano, na Basílica de São Pedro, a memória foi traduzida em liturgia. O arcebispo Georg Gänswein, que por anos foi secretário pessoal de Bento XVI, conduziu a missa. Não estava sozinho: Cardeais como Gerhard Müller e Kurt Koch também participaram, mostrando o peso do momento. O ponto forte da celebração ficou por conta do próprio Gänswein, que não escondeu a emoção durante a homilia. Ele leu trechos de Bento sobre a Sagrada Família, tornando o momento ainda mais pessoal e tocante.
O primeiro aniversário da morte de Bento XVI também trouxe uma oportunidade rara para o debate acadêmico. Durante dois dias inteiros, professores e teólogos ocuparam o Campo Santo Teutônico, aquele cantinho alemão encravado no Vaticano, para discutir a fundo o legado de Bento, sobretudo sua teologia centrada em Cristo. Entre tantos temas, as últimas palavras de Bento — "Senhor, eu te amo" — foram citadas repetidas vezes, simbolizando uma vida marcada por devoção total.
O legado teológico dele vai bem além de livros ou encíclicas. Os especialistas destacaram como ele conseguiu unir discussões profundas sobre virtudes, experiências litúrgicas e centralidade da Eucaristia — tudo isso em linguagem acessível para o público, não só para padres de batina ou acadêmicos. Para quem viveu os anos de seu pontificado (entre 2005 e 2013), chama atenção o jeito reservado, oposto ao do carismático João Paulo II, mas igualmente marcante ao enfrentar temas delicados como a fé num mundo cada vez mais secularizado.
Muita gente lembra ainda do gesto histórico em fevereiro de 2013: Bento foi o primeiro papa a renunciar em seiscentos anos. Sua saída virou assunto no mundo inteiro e, desde então, ele se manteve recluso no mosteiro Mater Ecclesiae, dentro do próprio Vaticano. Criou-se uma situação inédita: dois papas vivendo lado a lado. Quando morreu, aos 95 anos, o impacto se refletiu na quantidade de fiéis: foram 195 mil pessoas passando diante de seu corpo durante o velório e cerca de 50 mil na cerimônia de despedida no início de 2023.
Com a passagem desse primeiro ano, o que fica de Bento XVI para muitos católicos é o exemplo discreto, a dedicação intelectual e a certeza de uma fé sem rodeios. A Igreja segue, mas o debate sobre o lugar de Bento XVI como papa teólogo continua muito vivo entre clérigos, estudiosos e fiéis comuns.
Trabalho como jornalista especializada em notícias e adoro escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Minha paixão é explorar histórias que impactam a vida das pessoas e trazê-las à luz. Adoro investigar, descobrir novas perspectivas e manter o público bem informado.
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